IV Encontro do Dia do Celíaco debate dificuldades do diagnóstico e inclusão social na infância

O encontro foi proposto pelo deputado estadual Evandro Araújo, em parceria ACELPAR e reuniu diversos especialistas para tratar do assunto.

As dificuldades no diagnóstico precoce e na inclusão social de crianças e adolescentes portadores da doença celíaca foram destaque, na manhã desta terça-feira (7), nos debates do IV Encontro Estadual do Dia do Celíaco, atividade que faz parte do mês de conscientização sobre a doença. O encontro foi proposto pelo deputado estadual Evandro Araújo (PSC), em parceria com a Associação dos Celíacos do Brasil – Paraná (ACELPAR) e reuniu diversos especialistas para tratar do assunto.

Os celíacos são intolerantes a qualquer consumo de alimentos com glúten, presente em proteínas do trigo, cevada (malte), centeio e a aveia, que ataca a parte interna do intestino delgado. Segundo dados da ACELPAR, a doença atinge cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil (100 mil no Paraná) e está associada a mais de 300 patologias. Não há cura conhecida para a doença, sendo que o melhor tratamento é a dieta sem glúten, responsável por desencadear a inflamação intestinal.

“A escolha do diagnóstico como tema central, nesta edição, é fundamental porque ainda temos muita falta de informação que dificultam o diagnóstico correto e na fase certa. Estima-se que para cada celíaco diagnosticado existam outros sete sem diagnóstico. Ou seja, temos uma doença oculta, geralmente confundida com outras doenças e que precisa ser identificada precocemente para que o tratamento seja eficiente”, justificou Evandro Araújo.

De acordo com a professora Lorete Kotze, doutora em Gastroenterologia e pioneira no Brasil sobre o diagnóstico da doença celíaca, o ideal é identificar a doença ainda no berçário, antes dos dois anos de idade. No entanto, ela destacou que os pais devem estar atentos porque os sintomas da doença costumam ser diferentes dependendo da faixa etária.

"Quando uma anemia é recorrente e não responde aos tratamentos a base de ferro é muito grande a chance da presença da doença celíaca, seja em crianças ou adolescentes. Alguns sintomas são características das faixas etárias, por exemplo, problemas no esmalte dos dentes de leite deveriam ter atenção especial dos pais e dos dentistas, pois são indicadores da doença celíaca. Acho até que os dentistas deveriam ter este preparo para identificar estes sintomas", explicou Lorete.

Segunda ela, entre os três e os dezoito anos, os sintomas são diversos. "Até os setes anos, a falta de crescimento é um importante sintoma, e muitas vezes, o único. Nas meninas, que são a maioria dos celíacos, o atraso na menstruação é outro fator que precisa ser percebido, pois a puberdade atrasada é um indicador sério", completou Lorete.

As restrições que os portadores da doença celíaca têm nos espaços sociais também foram lembradas durante o encontro. A presidente da ACELPAR, Ana Claudia Cendofanti, elencou os principais problemas que os celíacos enfrentam no dia a dia, sobretudo, na hora de manter o tratamento da dieta sem glúten.

"Os celíacos encontram problemas na hora de viajar, pois os hotéis não possuem esta dieta sem glúten, em escolas muitos acham que é frescura e nos restaurantes são poucos que conhecem o problema. Até mesmo em hospitais, quando os celíacos vão tratar alguma enfermidade, não há alimentos sem glúten. No Paraná, infelizmente, não há nenhum hospital preparado. O celíaco vai tratar um problema e fica sujeito a ter outro maior nos hospitais", exemplificou Ana Claudia, que é mãe de duas filhas celíacas e milita na causa desde 2012.

MERENDA ESCOLAR – O cuidado com a dieta sem glúten nas escolas da rede pública estadual foi apresentado pela nutricionista Fernanda Brevinski, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (FUNDEPAR). Fernanda apresentou os dados do último monitoramento nutricional feito pelo instituto em 2018. Segundo o monitoramento há 589 estudantes celíacos no Paraná em um universo de mais de 850 mil estudantes.

"Realizamos este monitoramento desde 2010. Sempre orientamos os gestores e profissionais dos núcleos de educação para estarem atentos e repassarem a orientação às merendeiras sobre a dieta. É muito importante também que os pais informem a direção das escolas sobre o diagnóstico dos estudantes para facilitar o atendimento da demanda", comentou Fernanda.

HOMENAGEM – No fim da atividade, Lorete Kotze recebeu o título de Cidadã Benemérita do Estado do Paraná, fruto de uma Lei criada pela ex-deputada Claudia Pereira. Claudia e Evandro Araújo realizaram a entrega do título.

Participaram ainda do encontro o deputado Wilmar Reichembach; a nutricionista especialista em nutrição funcional, Pryscila Oms e a fundadora da ACELPAR Kids, Sarah Cendofanti. 
 

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